REFLEXÕES DA SEGUNDA SEMANA DE ESTÁGIO
“CONHEÇA TODAS AS TEORIAS,
DOMINE TODAS AS TÉCNICAS, MAS AO TOCAR UMA ALMA HUMANA, SEJA APENAS OUTRA ALMA
HUMANA”.
CARL
JUNG.
Esta citação inicial exprime meu maior
aprendizado nesta segunda semana do período de regência, seis longos dias
letivos, uma semana intensa, corrida e marcada por picos de ansiedade. Mas como
tudo nessa vida, a semana iniciou e chegou ao fim, nela vivi momentos que não
tenho palavras para mensurar e explicar, apenas à agradecer por tantas descobertas
e por estar vencendo esta etapa, compreendendo que as teorias e as técnicas são
importantes, mas não são as únicas necessárias, é preciso ser espiritualizada,
não só na sala de aula, mas na cotidianidade, é preciso olhar o outro sem julgamentos,
sem criar estereótipos, sem diminuir, sem humilhar e sem agredir, porque uma
palavra dita não tem como voltar mais atrás, que pensemos melhor nas nossas palavras
e atitudes, pois não sabemos as sequelas que poderão reverberar nos outros.
Este
processo formativo em que me encontro é marcado por fluxos e itinerâncias de
devires docentes, não mais vinculado apenas ao aspecto de dar forma a, mas
ao passo que caminho me envolvo em estratégias de romper com ideias
cristalizadas, a fim de criar possibilidades de outros modos de ser, estabelecendo
outras relações com o mundo, comigo mesma, com as pessoas e com a profissão. Ao
passo que caminho, considerando que estou em processo formativo por toda vida, permeio
minha formação com movimentos de professoralização, que são minhas vivências,
que estão constituindo a minha professoralidade, minha experiência.
Está semana eu parei para pensar em como eu
poderia ter feito diferente, em quantas oportunidades perdi de fazer algo
melhor em prol dos alunos, em como a primeira semana me deixou afobada, atenta
apenas para as complicações, sem foco e sem tempo para contemplar a riqueza de
amor e carinho dentro da sala de aula, sem tempo de perceber o abraço caloroso,
o sorriso contagiante, o olhar atento, a admiração em palavras, Meus Deus! Que
privilégio! Tenho orgulho em dizer que estou me tornando PEDAGOGA, orgulho da
pessoa e professora que estou me constituindo.
Não duvidem, nessa minha trajetória já
duvidei e questionei: - Será mesmo que quero ser professora, uma profissão tão
desvalorizada e complicada? Eu já questionei muito essa minha escolha,
principalmente diante dos relatos ouvidos e de algumas vivências desesperadoras.
Eu tive a oportunidade de fazer outros cursos, mas acredito que quando algo
está predestinado para ser seu, é seu e ninguém pode mudar, à docência na minha
vida é isso, algo preparado por Deus, tenho certeza que Ele sabia o quão realizada
eu seria.
Vivi nessa segunda semana um momento mágico,
cheguei na escola triste e desmotivada, mas pronta para enfrentar mais um dia e
tentar dar o meu melhor. Durante o termino da aplicação de uma atividade
comecei a dar os vistos, algo que os alunos amam e esperam ansiosos, cheguei a
um aluno, acredito que um anjo, dei seu visto e elogiei-o, ele sorriu, mas não
foi um sorriso comum, não foi um sorriso qualquer, corriqueiro, foi um sorriso
que eu NUNCA vi, aquele sorriso que me desmontou, mandou embora toda tristeza e
desmotivação, um sorriso que me fez chorar e acreditar em dias melhores, um
sorriso que me fez compreender mais uma vez que a vida é feita de momentos e
que devemos aproveitá-los, que assim como existem tristezas, existem alegrias,
existem gestos que mudam o dia de alguém e posso afirmar que o sorriso dele me
mudou, me tocou e adentrou o nível mais profundo do meu coração, ascendeu em
mim a esperança e ativou o meu olhar e as minhas escutas para serem mais sensíveis.
Nesta semana um dos alunos praticou com
outros dois alunos de outras turmas uma ação errônea durante o intervalo, que
poderia ter causado problemas à outras crianças, como eu não sabia resolver a
situação, encaminhei-os até a direção, imediatamente a vice-diretora veio até
mim saber o que tinha ocorrido e questionar sobre o comportamento do aluno em
sala de aula, achei fantástica sua atitude, ela não tomou a decisão sozinha,
por mais que tenho pouco tempo atuando na sala de aula, ela achou importante
ouvir o meu parecer, para saber se sua atitude de convocar a mãe do aluno na
escola estava coerente, e assim foi feito. Dois dias depois a mãe do aluno
chegou a escola e eu fui chamada para conversar com ela, confesso que na hora
tremi e senti uma baita insegurança, mas pensei: - Que professora nunca passou
por isso? Mantive a calma e em todo momento pensava bem no que ia falar, tendo
em mente que era preciso notificar os pontos negativos, mas os positivos
também, pois acredito que isso é importante, me colocando no lugar dela de mãe,
sendo convocada por indisciplina do filho, o quão frustrante isso poderia estar
sendo, para minha surpresa a mãe do aluno foi muito atenciosa e atenta, o
diálogo foi franco e permeado por respeito.
Está semana uma aluna da manhã foi remanejada
para tarde, mais uma pérola para agregar e enriquecer minhas tardes, então agora
tenho 25 alunos queridos. Sinto-me feliz em dizer que não enfrento nesta turma
problemas com indisciplina, encontro alunos desmotivados, então procuro
contextualizar o ensino para que a aprendizagem seja significativa, busco coloca-los
em contato com o meio, pois minha concepção de aprendizagem é interacionista,
embora falhe, meu intento é este, porque acredito que a aquisição do conhecimento se processa durante toda a vida e quanto mais
o sujeito é desafiado a pensar, mais inteligente ele fica, mais possibilidades
estou lhes oferecendo.
Cabe a mim, enquanto educadora, criar
situações problematizadoras, perguntar mais do que responder, mediar situações,
controlar o rumo da ação pedagógica, pois
com os vividos, minha concepção ampliou-se: hoje vejo–me mais capaz de criar possibilidades
reais de enriquecimento profissional, de preparar-me para a formação docente, tenho a perspectiva de que a
“[...] formação assume um papel que transcende o ensino que pretende uma
mera atualização científica, pedagógica e didática e se transforma na
possibilidade de criar espaços de participação, reflexão e formação para que as
pessoas aprendam e adaptem para poder conviver com a mudança e a incerteza.” (IMBERNÓN, 2001, p. 15).
Em consonância com os escritos do
autor supracitado, o exercício da docência necessita valorizar a aprendizagem
das relações, das convivências, dos contextos e das interações estabelecidas,
um ato fundamental para saber agir diante das incertezas e mudanças que vão
ocorrendo, uma formação que supere a alienação profissional, rompendo com
conhecimentos cristalizados e estados de inércias.
Estamos inseridos em um mundo ultras
saturado de informações que exige a aprendizagem da arte de viver, para nós
professorxs em processo formativo, esse mundo exprime uma tarefa árdua, que é
educar o ser humano nesse novo contexto atual, é preciso todos os dias refletir
quem somos e o que queremos ao ensinar, pensando qual o nosso propósito de
vida, qual legado estamos construindo para deixar e que marcas estamos deixando
nos outros, eu penso que educar é ensinar e aprender,
é um ato de coragem, de subversividade, de autoria, de autonomia, de respeito,
de engajamento, de luta, de conhecimento, de ineditismo, empatia e amor.
Perfeito! Me identifiquei muito na sua fala. Embora não estamos estagiando na mesma escola, compartilho contigo esse sentimento , acredito que nada seria da educação sem o amor. Estou muito orgulhosa, você vai longe e merece todo sucesso.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuitas aprendizagens realizadas, sob a orientação de uma docente competente e consciente da importância desta etapa na vida de discentes-pedagigos! Parabéns a ambas e GRATIDÃO por compartilharem conosco questões tão valiosas!
ResponderExcluirMuito sucesso!