REFLEXÕES DA PRIMEIRA SEMANA DE ESTÁGIO
“Ninguém começa a ser educador numa certa terça-feira às quatro horas da tarde. Ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se forma, como educador, permanentemente, na prática e na reflexão sobre a prática”. Paulo Freire.
Início estas reflexões da primeira
semana de estágio supervisionado, com os escritos de Paulo Freire, educador e
filósofo brasileiro, que me inspiro, admiro e me encanto ao perceber sua
sensibilidade e espiritualização, escritor que foi capaz de fazer uma leitura
de mundo antes de iniciar a leitura da palavra, que alfabetizou 300 cortadores
de cana-de-açúcar em 45 dias, que manteve-se firme ao seu propósito e ideias, lutando e resistindo.
Para atuar em sala de aula não existe um “guia”, uma “fórmula mágica”, “um manual
de instrução”, o processo de iniciação à docência é permeado por
dúvidas, dilemas e contradições, mas é
também um espaço que nos permite ensinar e aprender com os alunos, nas
vivências, com o novo, com os erros, com as novidades, em meio aos problemas,
as indagações e as dúvidas. O caminhar na docência é singular, cada qual
constrói sua trajetória paulatinamente, acredito que com olhares e escutas
sensíveis pautados em minha prática e levando em consideração o universo dos
alunos, entre os erros e acertos vou me constituindo como professora, vou
aprimorando e aprendendo no caminhar.
Esse estágio para mim,
ao iniciar, pode ser resumido na palavra SUPERAÇÃO, ao me deparar sozinha em
uma turma de 24 alunos na base de seus 6 à 7 anos de idade, o medo me envolveu e me
deu fortes abalos para me fazer desistir, mas penso que das dificuldades nascem
as vitórias, então fiz do meu problema inicial um degrau para progredir, ir
adiante e não para retroceder, desistir e ficar imaginando como poderia ter
sido.
Sinto-me agraciada por ter como orientadora
do estágio supervisionado a professora Dra. Socorro Aparecida Cabral e as
colegas de turma Crisdarle Mendes, Micaela Santana, Michele Mota, Rafaela da
Silva, Raquel Costa, Bruna Vasques e Milena Ribeiro, obrigada pela força, colaboração e parceria. Também sinto-me contemplada por estar estagiando na Escola
Municipal Vilma Brito Sarmento, a qual nós recepcionou de forma harmoniosa e
nos acolheu de braços abertos, é uma escola longe, mas tem valido a pena todo
esforço para estar presente.
Estou estagiando na turma do 1º ano D, que felizmente
tem como professora regente Carmerina Brito, uma profissional competente,
engajada e comprometida com a prática pedagógica, sou grata por seus ensinamentos,
compreensão e dicas, por não me esconder e nem tentar mascarar a realidade
encontrada na sala de aula.
A temática acordada entre as professoras
regentes do lócus do estágio foi HIGIENE, tema relevante é importante para vida
do cidadão. Estou gostando de trabalhar com este tema atrelado ao ato de
educar, a única coisa que não me agrada é trabalhar com o método sociolinguístico, pois sinto dificuldade e vejo-o como um método que leva muito tempo em seu
passo-a-passo. Este método é de estrutura analítica, pois parte do todo para as
partes, em minha concepção seria mais eficaz e significativo trabalhar com um método
de estrutura sintética, ou seja, partir das partes menores rumo às maiores. Mas
ressalto que o que me chama a atenção e é muito válido no método sociolinguístico
e a etapa de codificação, descodificação e a escolha da palavra geradora,
pois com essas etapas conseguimos trabalhar com base no universo de
significação dos educandos e lhes damos um protagonismo, propiciamos momentos
em que é possível valorizar seu conhecimentos prévios e lhe oferecermos teoria
para não ficarem na superficialidade.
Percebi nesta primeira semana, o quanto
o ato de planejar é imprescindível, penso que esquematizar a prática
pedagógica oferece uma segurança e uma maior tranquilidade, o planejamento não
pode ser engessado e nem tão pouco imutável, para mim é difícil romper com essa
lógica de que o plano pode mudar, de que ele vai se alterando de acordo as
circunstâncias, fugir do proposto previamente para uma pessoa com TOC é uma
superação e um avanço significativo. Eu entendi que é necessário
compreendê-lo e encará-lo de forma acessível e flexível, pois toda aula é
inédita, você nunca deu e nem dará uma aula do mesmo jeito, a vida é marcada
por instabilidades e contratempos, dessa forma o ato de planejar vai se
ajustando de acordo as demandas diárias.
Estou
contente, pois tem sido perceptível o avanço de alguns alunos, sei que não
posso “salvar a educação”, mas tenho feito minha parte, tenho contribuído nesta
turma tão especial, tenho me esforçado para ser uma professora atenta, sensível
e comprometida. Todos os dias ao iniciar a aula, bate o medo de errar e falhar
com os alunos, mas lembro-me de uma tríade impressionável que é necessária e tenho
feito previamente: REFLEXÃO-AÇÃO-REFLEXÃO. Eu reflito antes de ir para sala de
aula, ajo com os alunos e torno refletir sobre minha prática, a fim de ampliar
os horizontes, sendo uma forma de observar aonde posso melhorar.
Acredito que tenho muito a fazer ainda, a
estrada é longa e cheia de dificuldades, mas não é impossível, não alcancei
todos os objetivos que propus, mas paulatinamente confio que posso atingir e
consolidá-los. Consigo ver o exercício da práxis diante das situações enfrentadas,
entretanto existe enfrentamentos que a teoria não dá conta, apenas vivenciando
na prática é que teremos as respostas e descobriremos a maneira de atuar.
Por mais difícil que seja a gestão da classe,
não encontrei problemas de indisciplina e violência, o que é um ponto positivo
e importante, já que a gestão da classe é de domínio e responsabilidade do professor,
a atenção é um elemento chave nesse processo. Os alunos se comprometeram a
realizar todas as atividades propostas até o momento, só estou tendo
dificuldade com um aluno que não caminha sem uma pessoa ao seu lado o tempo
todo, o que é um problema já que tenho os outros 23 alunos para dar suporte. Espero até
o final do estágio conseguir mediar o conhecimento e propiciar a esse aluno o
desenvolvimento de sua autonomia e autoria.
Com as aulas de Estágio nos Anos Iniciais, em
especial a que trabalhamos com os escritos de Gauthier (1998), compreendi que é
necessário conhecer o conteúdo, planejar, conhecer os alunos que vou ensinar,
deixar os alunos cientes do que espero deles, que é melhor intervir de forma
particular em algum problema enfrentado, que é fundamental acompanhar de perto
as atividades, ser responsável e fazer com que os alunos sejam também, explicar
de forma clara as exigências, fornecendo sempre feedbacks, motivar os meus
alunos, usar o contato físico de forma socialmente apropriada, utilizar contato
visual, tomar providências para que os alunos aprendam o conteúdo ensinado, supervisionar o movimento, o ritmo e a duração das atividades.
A profissão docente exige conhecimento
base, uma formação específica e compromisso ético e moral. Cada qual, em seu
processo de constituição como professor, assume um modo próprio de praticar
suas ações, que somente serão vistas no exercício da prática, nesse quesito, o
estágio assume uma imensurável responsabilidade, pois é o momento que permite a
reflexão da teoria na prática, caracterizar a práxis pedagógica, a constituição
da profissionalidade, que de acordo Fernandes (2015, p. 36-37) apud Imbérnon
(2010), “refere-se ao conjunto de
características essenciais, conhecimentos, destrezas, atitudes e valores
específicos de uma dada profissão”.
Ser professora é não
para de estudar, é pesquisar, é inovar, é acreditar no outro, é confiar no seu
potencial, é vivenciar dilemas e contradições, é construir e desconstruir, é
romper e erguer, é lutar e resistir e é acreditar que as sementes plantadas, regadas
e cuidadas, podem dar bons frutos e também podem florir.
E Deus me livre de... SABE LÁ O QUE É NÃO TER E TER QUE TER PRA DAR!
Uau! Estou vibrando para que os próximos dias sejam ainda mais enriquecedores pra ti e esse processo te fortaleça a cada dia. Muita força e coragem a ti... Voooa! 💥✨
ResponderExcluirParabéns pelas reflexões Déh! Você é um exemplo de força, coragem e determinação.
ResponderExcluirParabens, Déborah! Vê-se que há, em curso, uma ação delicada, pontual e competente, a qual deixará marcas que repercutirão em você, nos estudantes, em sua professoralidade. Prossiga com sucesso, a aprender que
ResponderExcluirexercer a Pedagogia é isso: realizar intervenções, em especial na realidade infantil, com sensibilidade, percepção aguçada, sabedoria.
Que novos movimentos de professoralização, de agora pra a frente, profissionais, sejam concretizados com a alegria de escolhas bem feitas! ABRAÇOS.
Débora, como já te disse via watzapp, fiquei emocionada com a sua narrativa refletindo sobre o Estágio. Você consegue articular teoria e prática de forma muito competente. Vai aos poucos mostrando seu processo de alteridade na Pedagogia e a sua competência profissional. Parabéns pelo lindo e competente texto.
ResponderExcluirMeus parabéns! Que Deus grandemente te abençoe e te dê muita sabedoria ❤🙌
ResponderExcluir